Zuckerberg em depoimento no senado dos EUA. (Leah Millis/Reuters)
O famoso jornal The New York Times declarou ontem que o Facebook vazou informações de seus usuários sem suas permissões com mais de 60 empresas parceiras desde 2012. Sem consentimento claro, manufatureiros de dispositivos (como smartphones) tiveram acesso a dados de amigos de usuários. Titãs como Amazon, Apple, Microsoft e Samsung se encontram na lista das empresas beneficiadas por Zuckerberg.
A empresa, claro, declarou que não dividiu as informações de amigos de usuários foi compartilhada sem permissão, contudo, o próprio Facebook havia declarado anteriormente não dividir informações dessa natureza.
As informações vazadas foram dados como religião, inclinação política, status de relacionamento e eventos, e podiam ser acessadas mesmo após o Facebook cortar o fluxo de compartilhamento com as parceiras.
A empresa se defende e diz que não houve abuso das informações por parte dos seus parceiros, e afirma que dados valiosos, como de fotos, só foram acessados caso o usuário permitisse o compartilhamento delas com amigos da rede social.
Uma forma mais bonita de dizer: Vazamos quase todos seus dados para empresas. Afinal, quem não divide suas fotos pessoais com os amigos do Facebook?
O mais incrível é: A empresa continua a fazer isso até hoje, com apenas algumas parcerias encerradas em abril.
Mesmo após o recente caos interno provocado pelo escândalo da Cambridge Analytica, a presença de seu CEO e fundador no senado americano, uma chuva de mídia negativa para a marca, e após Mark-inhos- Zuckerberg enfrentar uma tensa reunião em companhia de acionistas, a qual teve até a um avião sobrevoando o local carregando a frase “YOU BROKE DEMOCRACY” (VOCÊ QUEBROU A DEMOCRACIA), a firma continuamente quebra a privacidade de seus usuários.
Mais problemático ainda, essa informação vaza menos de duas semanas após o GDPR estar em vigor na Europa, lei que protege os dados dos cidadãos da união européia contra abusos no uso de informação. O Facebook é tão desonesto na gestão de informação de seus usuários que para fugir dessa legislação, transferiu a responsabilidade de 1.5 bilhões de usuários europeus para seu escritório na Califórnia. Tudo isso para evitar a lei que promete multas altíssimas aos rebeldes, por exemplo, caso o Facebook quebrasse a legislação o prejuízo seria em torno de $1.6 bilhão.
Difícil – ou impossível – é confiar na marca para cuidar de nossas informações após um 1º semestre tão revelador.