Quer saber como um bom mindset influencia o futuro da sua organização?
Continue lendo para saber mais sobre:
- Os acertos e erros do unicórnio Evernote.
- Escola Minerva e a revolução na educação.
- As inovações disruptivas da Netflix.
- A influência do bom Mindset nessas 3 empresas super inovadoras.
Os acertos e erros do unicórnio Evernote
O Evernote é um aplicativo que propõe ao usuário guardar tudo que ele ver e gostar na internet, seja um artigo, um arquivo .PDF, um vídeo, até aúdios e pensamentos próprios do autor em notas dentro do próprio app, o qual sincroniza com seus outros dispositivos como tablete, celular e computador automaticamente.
Você pode criar notas, lista de tarefas, lembretes, digitalizar imagens e fotos, desenhar e compartilhar isso tudo e muito mais com seus amigos diretamente do seu celular, tablet ou computador.
O produto em si já propicia muito a inovação, o sistema de anotações estilo post-it tem um design voltado ao usuário que leva a organização de ideias a um nível não visto até então, ao ponto de ser utilizado como um assistente pessoal por alguns usuários.
Com um produto tão bom, o Evernote não demorou para dominar o seu nicho de mercado. Em 2012 ultrapassou 30 milhões de usuários e alcançou o patamar de StartUp “Unicórnio” (StartUps que valem mais de 1 bilhão de dólares).
O então CEO do Evernote, Phil Libin, expôs seu mindset em um discurso após conseguir o status de unicórnio:
“…Nós vamos continuar querendo ser uma Startup em 100 anos. […] Os investimentos que estamos recebendo nos deixa em um lugar saudável para correr riscos. Essa é a fase mais criativa da empresa”
Tudo parecia magicamente bem para eles, porém 3 anos depois, em 2015, o Evernote era a startup unicórnio mais cotada a falir.
O que aconteceu com a empresa? Quais foram os motivos que levaram a derrocada dela?
Erro de foco
Após alcançar alto reconhecimento, o Evernote se perdeu exatamente em sua fase mais criativa e por causa dela.
Agregaram vários novos produtos ao Evernote, como o PenUltimate, aplicativo de escrita à mão, recebeu várias críticas dos usuários após updates que culminou em um pedido de desculpas da empresa.
Skitch, o aplicativo de subtítulos e marcações para fotos tem uma péssima avaliação de acordo com seus próprios usuários. Work Chat, o app de chat do Evernote teve um feedback muito negativo de sua comunidade.
Outros aplicativos separados do Evernote como o Evernote Food, Evernote Hello e Peek foram totalmente descontinuados diante do fracasso.
O carro chefe da empresa, o Evernote, ficou mais lento e pesado, o design não era mais tão intuitivo assim e parecia ter perdido a sua identidade.
Além disso, o Evernote assim como toda startup, não tinha um método de sucesso para conseguir receita. O aplicativo é um “Freemium” (aplicativo oferecido gratuitamente, mas a versão paga tem funcionalidade adicionais) mas sua precificação era mal segmentada, muito barata e não havia uma diferenciação de vantagens clara entre os planos pagos e gratuitos.
Como consequência, isso resultava em que a esmagadora maioria dos usuários não queria investir no aplicativo.
Deste modo, mesmo apesar da segurança financeira que o Evernote tinha para correr riscos devido aos altos investimentos recebidos, a empresa se prendeu demais no mindset de errar para criar, esquecendo de pontos importantes como corrigir o erro, escalar o negócio e começar pequeno nas alterações do produto.
Os usuários que estavam insatisfeitos com o app saíram para opções da concorrência, como o Slack, o qual sequer existia no início do Evernote, mas deu espaço para eles crescerem e se desenvolverem.
O renascimento?
Assim como a história de todo grande herói, a jornada do Evernote foi muito enriquecedora para a empresa e eles a passos curtos seguem o caminho de volta para a ressureição da empresa.
O primeiro passo foi a mudança do líder da empresa em 2015, o antigo CEO foi substituído por Chris O’Neill, um gestor executivo experiente do Google.
A chegada de Chris deu novos ares à empresa, pois ele mesmo tinha um mindset diferente do CEO passado, ele passou a confiança precisa aos funcionários e tinha um plano sólido de reerguimento da empresa.
O novo CEO cortou gastos, demitiu 13% dos funcionários, mudou a forma de precificação e aumentou o preço do Evernote, deu maiores vantagens para usuários que pagavam pelo app e diminui vantagens dos que não investiam.
Seu objetivo era transformar todos os usuários gratuitos em usuários pagos, e para isso ele precisaria reengajar os que pararam de usar o aplicativo e atrair novas pessoas.
Para isso, além das ações tomadas ele precisava refazer o seu produto para efetivamente selar o plano, então ele paralelamente as atividades da empresa, eles recriavam o Evernote em outra plataforma.
O cortes e ações a curto prazo não deram um bom resultado, porém a queda livre de usuários foi substituída por uma queda mais lenta, a qual permitiu o lançamento do Evernote 8.0 em janeiro de 2017, que para muitos pode ter sido apenas mais uma atualização, mas é um verdadeiro relançamento de um produto que busca voltar as suas raízes com um produto mais rápido, mais funcional e com melhor interface.
Se esse vai ser o renascimento do Evernote, essas são cenas dos próximos episódios.
Escola Minerva e a revolução na educação
Já imaginou estudar em 7 países diferentes? Onde o foco é em você e não no professor?
Desde 2013 isso é possível, ano em que a Minerva Schools at KGI criou a sua turma de fundadores. A Minerva é uma escola itinerante que busca formar seus alunos para moldar seus futuros de forma ímpar.
Os alunos passam o primeiro ano na Califórnia, em São Francisco, e depois eles vão para uma cidade diferente ao redor do mundo a cada semestre, no final de 4 anos eles terão vivido a experiência de 7 cidades diferentes.
Além de 1 ano nos Estados Unidos, eles passam 6 meses nas seguintes cidades e países: Seoul na Coreia do Sul, Bangalore na Índia, Buenos Aires na Argentina, Berlin na Alemanha, Londres na Inglaterra e Istanbul na Turquia.
O bom mindset que permeia a Minerva é que a experiência é o melhor professor.
No mundo globalizado atual estudantes não competem apenas com pessoas da sua cidade, mas do mundo inteiro, torna a proposta da escola de quebrar o conceito de currículo atual muito mais efetiva no processo de aprendizado do aluno em conceitos como pensar criticamente, comunicação efetiva e ser criativo.
Assim as aulas focam em uma mistura de experiência, tecnologia, pesquisas e qualquer combinação que seja necessária para os estudantes pensarem fora da caixa.
Por isso nessa escola a habilidade de ensinar de um professor é levada muito em conta, o professor deve ser um excelente comunicador capaz de compreender o aluno, entender a dificuldade dele e deixa-lo livre e consciente do que deve ser feito.
A escola itinerante é tão diferente que até a estrutura física dela é diferente das universidades comuns, não há nenhum tipo de instalações ou campus.
Apenas prédios onde os alunos dormem e tem suas aulas em seus próprios computadores.
Sim, as aulas da Minerva são online, porém ela não é uma universidade online. As aulas ocorrem via vídeo conferência pelo Google Hangouts, mas atividades cocurriculares e extracurriculares em diferentes pontos da cidade são comuns.
Apesar de não ter nenhuma turma formada ainda (a primeira será em 2017) a escola está confiante que prepara seus brilhantes e motivados alunos para empregos que sequer existem ainda.
A escola do futuro proporciona as ferramentas através de experiências para os alunos criarem o próprio futuro.
Minerva VS Universidades tradicionais
Graças a essa mudança de modelo de negócio de uma universidade normal para uma escola itinerante, com apenas 4 anos a Minerva já tem uma concorrência maior do que a de Harvard e Stanford, duas das mais universidades tradicionais dos Estados Unidos.
A sua taxa de entrada é de 1,9%, contra 5.2% de Harvard e 4.7% de Stanford, tornando-a mais concorrida do que qualquer universidade da “Ivy League”, conjunto das 8 universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos.
O seu processo seletivo também é muito diferente do habitual, favorecendo atividades que não são “estudáveis”, por achar o modelo tradicional injusto.
Mesmo assim, os modelos de aprendizado são tão diferentes que não concorrem diretamente, até o perfil de aluno é muito diferente entre os dois tipos de instituição.
A Minerva tem um modelo mais voltado ao futuro, mais ágil e flexível, porém irá demorar para adquirir confiança da população e substituir o modelo tradicional.
Dificilmente o modelo tradicional voltado ao professor e status vai sumir totalmente, assim como os taxis não sumiram depois do Uber, mas aos poucos vai perder espaço para instituições voltadas ao aluno pensante.
Depois de tantas coisas positivas, imagino que você possa ter interessado em estudar na Minerva e se sim, com certeza pensou que é muito cara, certo? Na verdade, não. A escola é mais do que 2 vezes mais barata do que Harvard, e por não ter fins lucrativos concede diversas bolsas a seus alunos do mundo inteiro.
A escola Minerva está verdadeiramente em segundo plano, quem brilha são os alunos.
As inovações disruptivas da Netflix
Como uma empresa pequena supera uma gigante e ganha seu espaço no mercado?
O método mais fácil é através da inovação disruptiva.
A vitória da pequena empresa sobre a gigante é possível pois empresas grandes focam em inovações incrementais, que melhoram o seu produto atual para atrair clientes que pagam melhor.
O foco nesse tipo de inovação a longo prazo gera um espaço no mercado, dos clientes que queriam o produto em uma versão mais simples e mais barato.
De forma simplificada, a grande empresa oferece um produto com mais funcionalidades e mais caro do que uma parcela dos clientes desejam.
Assim, a empresa pequena cria um produto mais simples, mais barato e acaba por pegar uma parcela dos clientes das grandes empresas. Quando a empresa grande notar, já pode ter perdido o mercado inteiro.
Um bom exemplo é o Netflix, despercebidamente passaram a fornecer aluguel de DVD via correios ganhando um importante espaço no mercado, o qual favoreceu a empresa fazer caixa para realizar investimentos em pesquisa sobre streaming de vídeo.
Tal investimento os favoreceram a serem o primeiro do segmento, criando um mercado novo e falindo um antigo o qual eles mesmos faziam parte.
A Netflix avançou rápido, sem medo da mudança. Como seu CEO Reed Hastings mesmo afirmou:
“Empresas raramente morrem por mudarem rápido, e elas frequentemente morrem por mudarem devagar demais. ”
Tal mindset de mudar seu modelo de negócio passado foi essencial para que eles se sedimentassem hoje como a maior empresa do segmento de streaming.
A grande inovação do Netflix foi no método de distribuição de filmes. Se antes o cliente tinha que ir à locadora para alugar um filme, eles passaram a entregar via correios o filme. Quando apareceu um novo espaço para mudança através da internet, mudaram novamente.
O Netflix agora escala seu valor rapidamente, mantendo a liderança da parcela de mercado e constantemente desafiando os modelos principais que guiam a empresa hoje.
Por exemplo, ela apenas reproduzia conteúdos de outros produtores, mas foi tomada a decisão de criar seus próprios conteúdos que se tornaram um sucesso pela alta qualidade do show em si, mas a grande sacada foi, novamente, a forma de distribuição.
Antes o lançamento de episódios de uma série era semanal, até chegar o fim da temporada e ter a espera até a próxima temporada. Esse formato exige do roteirista fazer um gancho no fim de cada história para que o próximo episódio tenha uma boa audiência.
O formato de séries da Netflix é diferente, os episódios de uma temporada são lançados todos de vez. Assim o roteirista não tem a preocupação com a audiência do próximo episódio e realiza alterações a curto prazo que prejudiquem a série a longo prazo. Além de ser um formato mais confortável para o usuário do Netflix, que tem a opção de fazer uma maratona caso deseje.
Desenvolvimento é contínuo, infinito. Não existe “guerras” ganhas no mundo do empreendedorismo, apenas batalhas. A empresa que parar, morre. Bem consciente disso, o Netflix não para.
A empresa já planeja em comprar direitos para um programa de televisão, o que a colocaria em concorrência direta com redes como a ABC e provavelmente acabaria com o modelo de TV paga que temos hoje para difundir o seu sistema de precificação.
Ou seja, o Netflix inovou o mercado de DVD’s quando mudou a forma de distribuição padrão por envios via correio, quebrou o mercado de DVD’s e ocasionou um terremoto no mercado de TV’s quando alterou a forma de distribuição de filmes físicos para o digital, e agora pretende quebrar o mercado de TV’s como conhecemos.
A Netflix pensa grande e começa pequeno, erra, mas rapidamente corrige e escala seu negócio. Por isso hoje é a 15ª empresa mais inovadora do mundo, um verdadeiro celeiro de inovações que se apoiou no bom mindset de seu líder.
A influência do bom mindset nessas 3 empresas super inovadoras
Os aprendizados são diversos: Inovação disruptiva, modelos de negócios e foco. No complexo mundo do empreendedorismo cada detalhe conta, tudo é frutífero, aprendizado, e nada deve ser ignorado.
3 empresas diferentes, Evernote, Escola Minerva e Netflix que cometeram erros e acertos todos derivados de um aspecto: o bom Mindset do líder.
Ter um mindset disruptivo, focado e voltado ao futuro é peça essencial na construção de todo grande líder, manter a empresa nos trilhos e apontar o caminho que deve ser seguido antes que seja tarde demais é incrivelmente difícil mas pode ser aprendido com o tempo.
Ninguém nasce perfeito e sábio, somos formados por um conjunto de ações próprias e de terceiros e a mente é o que há de mais valioso em cada pessoa.
Desenvolva-se, estude, teste, erre, aprenda, tenha experiências e se torne um líder brilhante!
Forte abraço,
Lucas Teles.
Fontes:
http://www.businessinsider.com/evernote-the-first-dead-unicorn-2015-9
https://evernote.com/intl/pt-br/
https://www.wired.com/2017/01/evernotes-new-app-update-reboot/
http://www.businessinsider.com/for-profit-college-minerva-is-harder-to-get-into-than-harvard-2016-4
https://medium.com/@juminichelli/como-minerva-schools-entrou-na-minha-vida-97cadf1c242e#.6qa41kp1k
http://www.forbes.com/sites/chunkamui/2011/03/17/how-netflix-innovates-and-wins/#36537ccab69a
http://www.forbes.com/sites/chunkamui/2011/03/17/how-netflix-innovates-and-wins/#36537ccab69a
https://hbr.org/2011/09/netflix-bold-disruptive-innovation
http://www.forbes.com/companies/netflix/
Foto por Raul Varzar em Unsplash